Fed analisa economia americana dividido entre recessão e inflação
Washington, 24 jun (EFE) - O Federal Reserve (Fed, banco central americano) iniciou hoje dois dias de análise da conjuntura econômica dos Estados Unidos e, enquanto os mercados esperam a manutenção da taxa de juros, o ex-presidente da instituição Alan Greenspan afirmou que o país está à beira da recessão.
Enquanto o Comitê de Mercado Aberto da autoridade monetária se reunia em Washington, o grupo empresarial Conference Board informou que a confiança entre os consumidores caiu ao nível mais baixo em 16 anos.
A agência de classificação de riscos Standard & Poor (S&P) disse que, em abril, os preços das casas caíram 15,3%, a pior queda desde quando os valores começaram a ser registrados.
O Comitê anunciará sua decisão sobre política monetária amanhã às 15h15 (em Brasília) em comunicado no qual os analistas buscarão indícios das ações futuras do banco central americano.
Os dados econômicos recentes "sugerem que estamos à beira" de uma recessão, afirmou hoje Alan Greenspan em mensagem via satélite a uma conferência em Johanesburgo (África do Sul).
O ano que fica pela frente "será um período muito lento, com um mercado petroleiro altamente volátil", acrescentou Greenspan. Os últimos anos de sua gestão no Fed foram marcados pela bolha de especulação imobiliária, cujo estouro abalou os mercados financeiros.
O banco central americano iniciou em setembro um afrouxamento da política monetária e baixou a taxa básica de juros de 5,25% para 2%, em uma tentativa de manter a confiança dos consumidores, cujo gasto representa dois terços do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos.
Esses consumidores enfrentam crescentes dificuldades, como a restrição do crédito, o desemprego (que em maio subiu 0,5 ponto percentual, para 5,5%) e o aumento acelerado dos preços dos combustíveis e dos alimentos.
Nos últimos dois meses, as autoridades do Fed expressaram sua preocupação com o aumento da pressão inflacionária, o que justificaria uma pausa nas quedas da taxa de juros.
Há duas semanas, os especuladores inclusive apostavam em uma alta dos juros antes do fim do ano, embora isso não ocorra em período de eleição presidencial desde 1988.
Mas os indicadores mostram que a economia quase não se movimenta, apesar das injeções de dinheiro feitas pelo Fed, que desde dezembro somam mais de US$ 500 bilhões.
Além disso, a Administração do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, começou a entregar a mais de 130 milhões de contribuintes um "estímulo" de US$ 152 bilhões.
Outro fator na equação encarada pelo banco central é que as baixas taxas de juros nos EUA contribuem para a depreciação do dólar frente às moedas dos maiores parceiros comerciais do país, o que encarece as importações de petróleo.
O alto custo que os consumidores têm ao encher o tanque é um dos determinantes para a queda do índice de confiança elaborado pelo The Conference Board.
Esse indicador, situado em junho em 50,4, não alcançava um nível tão baixo desde fevereiro de 1992, quando o país vivia uma recuperação sem aumento de emprego após a contração ocorrida em 1990 e 1991.
As hipotecas em moratória e os despejos de inquilinos continuam somando casas ao estoque de imóveis disponíveis no mercado, e, portanto, provocam sua desvalorização, enquanto as regras agora mais rígidas para os empréstimos dificultam a obtenção de financiamentos por novos compradores.
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