Fed admite que EUA podem ter recessão
Pela primeira vez desde o início da crise, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, reconheceu que a economia do país pode entrar em recessão. Ele observou, porém, que as condições devem melhorar no segundo semestre.
“A recessão é possível”, afirmou, durante depoimento ao Comitê Econômico Conjunto do Congresso. “Nossas estimativas são de que estamos crescendo levemente no momento, mas achamos que há risco, no primeiro semestre como um todo, de haver uma leve contração.”
O impacto das palavras de Bernanke nas bolsas foi limitado. Embora o Índice Dow Jones e a bolsa Nasdaq tenham fechado o dia no vermelho (quedas de 0,38% e 0,06%, respectivamente), analistas atribuíram o desempenho à alta do petróleo.
O barril para entrega em maio subiu 3,81%, para US$ 104,83, no mercado nova-iorquino. Os investidores temem que um combustível mais caro turbine a inflação e diminua o espaço para o Fed derrubar os juros.
Bernanke afirmou que “boa parte” dos ajustes econômicos e dos mercados financeiros já foi feita e, por isso, as condições devem melhorar no segundo semestre. Ele lembrou que o Fed cortou o juro “substantivamente” em resposta à desaceleração econômica. A taxa básica está hoje em 2,25% ao ano, três pontos porcentuais abaixo do nível de setembro.
Na avaliação de Bernanke, esses cortes de juro, bem como os esforços para impulsionar a liquidez nos mercados de crédito, “ajudarão a promover o crescimento com o tempo e mitigar os riscos à atividade econômica”.
Apesar disso, o presidente do Fed procurou não demonstrar excesso de otimismo. Ele ponderou que a incerteza da previsão de melhora no segundo semestre “é um tanto elevada e os riscos continuam negativos”.
Segundo ele, as preocupações com o emprego e a renda, junto com o declínio no valor das residências e com as condições de crédito apertadas, “causaram uma desaceleração considerável nos gastos dos consumidores”. Os gastos das empresas, acrescentou, também caíram.
Bernanke afirmou que não há ligação entre os eventos atuais e os da Grande Depressão, iniciada em 1929. “A diferença, hoje, é que vamos tratar das questões financeiras, enquanto naquela época as autoridades se contentavam em deixar as forças do mercado resolverem os problemas sozinhas”, disse Bernanke, que é um dos economistas americanos que mais estudaram aquele período da história do país.
Bernanke justificou o papel do Fed na venda do banco de investimentos Bear Stearns para o JP Morgan. O Fed intermediou o negócio e emprestou quase todo o dinheiro para o Morgan fazer a aquisição. “Era necessário preservar a integridade do sistema financeiro, o que é essencial para o funcionamento da economia”, afirmou.
(Fonte: Úlistima Instância)
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