quarta-feira, 9 de abril de 2008

FMI: EUA enfrentam recessão suave que pode levar a contração econômica

09/04/2008 - 11h51

César Muñoz Acebes Washington, 9 abr (EFE).- O Fundo Monetário Internacional (FMI) se uniu hoje ao grupo dos que afirmam que os Estados Unidos estão em recessão, mas diz que ela é "suave" e que é possível que a crise financeira gere uma contração econômica de nível mundial.

O FMI previu que o mundo crescerá 3,7% este ano, 0,5 ponto percentual a menos do que o previsto em janeiro, número que já tinha sido divulgado na semana passada.

Em 2009, esta taxa será de 3,8%, 0,6 ponto percentual a menos do que o estimado há menos de três meses.

No entanto, o FMI alertou que existe 25% de probabilidade de que o ritmo caia para menos de 3% este ano ou em 2009, o que seria "equivalente" a uma recessão mundial, explicou.

Os EUA, a origem do maior "choque" financeiro desde a Crise de 1929, como definiu o FMI, também se transformaram em um foco de debilidade econômica.

Apesar dos estímulos fiscal e monetário, em 2008 a maior economia do mundo crescerá apenas 0,5%, segundo o FMI, que reduziu em um ponto percentual seu cálculo anterior em uma revisão drástica.

A média do ano é positiva pelo fato de os EUA terem se recuperado no final deste ano. Entretanto, se calculado desde o quarto trimestre de 2007 até o mesmo período de 2008 seu PIB (Produto Interno Bruto) se contrairá 0,7 ponto percentual, diz o FMI.

Em 2009, os EUA terão um crescimento de apenas 0,6%, de acordo com os cálculos da entidade.

Com uma taxa tão baixa, a recuperação poderia ir para o espaço se as pressões sobre o mercado financeiro continuarem, caso os preços dos imóveis continuem a cair e os consumidores diminuírem seus gastos diante da piora de sua situação financeira, diz o FMI.

A onda de instabilidade financeira também atingirá a Europa, que se vê prejudicada pelo euro com cotação próxima a seu recorde, o que encarece as exportações e que divisa o FMI acredita estar supervalorizada.

A zona do euro crescerá 1,4% este ano e 1,2% em 2009, segundo as novas previsões da entidade.

Já foi constatado um endurecimento das condições de crédito na Europa, e alguns de seus bancos são vulneráveis ao contágio dos problemas financeiros de Wall Street por sua carteira de valores americanos, disse o estudo.

Além disso, na Irlanda, no Reino Unido e na Espanha o boom do mercado imobiliário chegou ao fim, o que aumentará a vulnerabilidade de seu sistema financeiro, diz o FMI.

Apesar da inflação elevada tanto nos EUA quanto na zona do euro, o FMI afirmou que há espaço para que as respectivas autoridades monetárias reduzam as taxas de juros.

Quanto à Rússia, o FMI projeta que a economia deste país crescerá 6,8%, após um crescimento de 8,1% no ano passado.

A China crescerá 9,3% em 2008, após subir 11,4% em 2007, e a Índia se desenvolverá 7,9%, após o aumento de 9,2% em 2007.

Sobre o Japão, a perspectiva de crescimento para este ano é muito mais moderada, 1,4%, em comparação ao 2,1% do ano passado.

Os mercados emergentes, que até este momento resistiram bem à crise, também sofrerão um arrefecimento, mas em menor medida do que os países industrializados.

Apesar da revisão, seu crescimento continuará "robusto", com um 6,7% este ano e 6,6% em 2009, diz o FMI.

O PIB da América Latina expandirá 4,4% em 2008 e 3,6% em 2009.

O principal risco para a economia mundial é o aumento dos erros no "avião financeiro", cujos dois motores - o sistema bancário e as bolsas de valores - estão falhando ao mesmo tempo, segundo o FMI.

O grande perigo é que a atual redução do crédito, causada pelo clima de incerteza, mude e se torne em uma crise creditícia profunda, na qual desapareça o óleo que lubrifica os cilindros da economia.

Nos EUA, a desaceleração econômica aumentou a taxa de inadimplência no mercado imobiliário e poderia se espalhar para os créditos de consumo e para a dívida das empresas.

Paradoxalmente, a inflação continua sendo uma ameaça, apesar da debilidade econômica, por causa dos altos preços do petróleo e dos alimentos, diz o FMI.

A organização advertiu que os mercados de petróleo estão "muito próximos", pois a capacidade de provisão é "limitada" e qualquer susto em um país produtor elevaria os preços, que já estão na estratosfera.

Os alimentos também poderiam continuar em alta, devido à forte demanda nos países em desenvolvimento e ao aumento dos cultivos para biocombustíveis, segundo o FMI.

UOL

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