quarta-feira, 30 de abril de 2008

Dados oficiais indicam que economia dos EUA não está em recessão

30/04/2008 - 14h30

Jorge Bañales Washington, 30 abr (EFE).- A economia dos Estados Unidos não está em recessão já que, segundo os cálculos preliminares do Governo americano divulgados hoje, cresceu a ritmo anual de 0,6% entre janeiro e março, mais do que o esperado pelos analistas.

A lentidão da economia persiste mesmo com a injeção de capital feita pelo Federal Reserve (Fed) de mais de US$ 400 bilhões nos mercados desde dezembro.

A expectativa de se evitar uma recessão se apóia agora no potencial impacto da devolução de quase US$ 160 bilhões em impostos, que começou esta semana.

O Departamento de Comércio dos EUA destacou que, após ritmo de crescimento de 0,6% no quarto trimestre de 2007, o robusto aumento dos estoques compensou a fraqueza da despesa dos consumidores e deu resultado positivo entre janeiro e março.

Este aumento está longe dos 4,9% de crescimento registrados no terceiro trimestre de 2007, quando a crise das hipotecas de alto risco começou a se estender a outros setores.

A maioria dos analistas tinha calculado que o ritmo de crescimento no primeiro trimestre seria de 0,3%, e alguns disseram que talvez houvesse contração, o primeiro passo para a recessão econômica.

Alguns analistas definem recessão como a contração do PIB (Produto Interno Bruto) em dois trimestres consecutivos.

O Escritório Nacional de Pesquisa Econômica (NBER, em inglês), responsável por comunicar quando realmente há recessão, diz que ela ocorre quando há "uma diminuição significativa da atividade econômica que afeta toda a economia e dura mais do que poucos meses".

Os detalhes do relatório do Departamento de Comércio mostram que pode haver uma recessão em andamento mesmo com o aumento do PIB.

O crescimento do PIB no primeiro trimestre foi motivado pelo aumento de 0,8 ponto percentual nos estoques das empresas.

As vendas finais de produtos fabricados no país caíram 0,2%, e as vendas finais de todos os produtos caíram 0,4% na primeira queda desde a recessão em 1991.

A economia produziu mais bens e serviços, porém este aumento foi atingir os armazéns de estoque e a exportação, de modo que não houve expansão do consumo e do investimento. Este crescimento dos estoques poderia resultar em crescimento mais fraco no segundo trimestre.

Enquanto o mercado aguarda a decisão do Fed sobre a taxa de juros e seu diagnóstico sobre a inflação, o Departamento de Comércio disse que o custo da mão-de-obra cresceu a um ritmo mais lento no primeiro trimestre do ano.

Em termos gerais, o custo da mão-de-obra subiu 0,7% entre janeiro e março, após avançar 0,8% entre outubro e dezembro. Os analistas tinham calculado aumento também de 0,8% no primeiro trimestre.

Em um ano, o custo da mão-de-obra subiu 3,3% nos EUA, outro sinal da pressão da inflação que preocupa o Fed.

O relatório do Departamento de Comércio sobre o PIB mostra que a despesa dos consumidores, que representa quase 70% da economia americana, cresceu a ritmo anual de 1% no primeiro trimestre, o mais lento desde 2001, quando o país estava em recessão.

Isso coincidiu com maiores perdas de emprego, aumento nos preços dos alimentos e dos combustíveis, e queda dos preços das casas.

No trimestre anterior, a despesa dos consumidores cresceu a ritmo anual de 2,3%.

Desde janeiro, a economia americana teve perda líquida de quase 250 mil postos de trabalho, e com o vigoroso aumento dos preços dos combustíveis e alimentos, os consumidores continuam restringindo sua despesa às necessidades básicas.

O índice de preços que o Departamento de Comércio elabora com o cálculo do PIB subiu a ritmo anual de 2,6% no primeiro trimestre, frente 2,4% no trimestre anterior.

O chamado índice de preços em despesas de consumo, a inflação que o Fed observa com mais cuidado, subiu a ritmo de 2,2%, após aumento anual de 2,5% no trimestre anterior.

UOL

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Maioria dos Estados americanos mostram recessão, aponta relatório

25/04/2008 - 05h52

da Folha Online
da Associated Press

As finanças de vários Estados americanos apresentaram uma queda tão acentuada neste ano fiscal --o qual se encerra no final de junho-- que já aparentam estar em recessão, aponta uma análise feita pelos departamentos fiscais das 50 unidades federativas.

"Ignorando se a economia nacional está em recessão ou não --foco de intenso debate--, esta é a situação para alguns deles [dos Estados]", informou um relatório divulgado nesta sexta-feira pelo NCSL (National Conference of State Legislatures), órgão que representa o conjunto dos Estados.

A situação pode ficar ainda pior para a maioria dos Estados no próximo ano fiscal americano, que começa a partir de 1º de julho.

Reportagem da Associated Press cita que o enfraquecimento da economia atinge diretamente a arrecadação estadual. A população está enfrentando a alta de preços de alimentos e combustíveis, ao mesmo tempo em que gasta menos com a compra de casas e mobiliário.

Alguns Estados "tiveram quedas tão acentuadas que aparentam estar em uma recessão", informou o NCLS.

As situações mais complicadas estão em Delaware (costa leste dos EUA), cujo déficit chega a US$ 69 milhões neste ano, e na California, que tem uma previsão de corte de US$ 16 bilhões nos orçamentos para os 2009 e 2010.

A Flórida também não vê uma mudança na arrecadação por causa do prolongado período de quedas reais em suas finanças.

Neste mês, 16 Estados reportaram quedas em seus orçamentos e em sua arrecadação. Há seis meses, os Estados com déficits era menos da metade do atual.

O NCSL prevê que no próximo ano fiscal 23 Estados devem reportar perdas estimadas em US$ 26 bilhões.

De acordo com a reportagem da AP, os dados condizem com a grande quantidade de notícias sobre a situação econômica do país e com os péssimos resultados econômicos divulgados pelos Estados.

Na semana passada, o Comitê de Orçamento e Prioridades Políticas de Washington anunciou que 27 unidades da república projetaram cortes no Orçamento estimados em US$ 39 bilhões.

O presidente George W. Bush voltou a dizer nesta terça-feira que a economia americana não está em recessão, mas em um "período de desaceleração". Contudo, economistas apontam para a queda no nível de encomendas de bens duráveis como um aspecto que revela uma recessão.

O índice caiu 0,3% em março, o terceiro mês consecutivo de queda, e o mais longo período de contrações desde 2001, ano de recessão.

O relatório mostra ainda que somente os Estados que baseiam sua economia em energia, como Dakota do Norte, Wyoming e Alasca terão crescimento pela frente.

O Alasca, por exemplo, tem arrecadado tanto dinheiro com o petróleo que estima superávit de quase US$ 8 bilhões para este ano --quase o dobro de seu orçamento anual.

"Para Estados produtores de energia, a situação fiscal aparenta ser muito boa", completou o relatório.

Leia mais

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quarta-feira, 9 de abril de 2008

FMI: EUA enfrentam recessão suave que pode levar a contração econômica

09/04/2008 - 11h51

César Muñoz Acebes Washington, 9 abr (EFE).- O Fundo Monetário Internacional (FMI) se uniu hoje ao grupo dos que afirmam que os Estados Unidos estão em recessão, mas diz que ela é "suave" e que é possível que a crise financeira gere uma contração econômica de nível mundial.

O FMI previu que o mundo crescerá 3,7% este ano, 0,5 ponto percentual a menos do que o previsto em janeiro, número que já tinha sido divulgado na semana passada.

Em 2009, esta taxa será de 3,8%, 0,6 ponto percentual a menos do que o estimado há menos de três meses.

No entanto, o FMI alertou que existe 25% de probabilidade de que o ritmo caia para menos de 3% este ano ou em 2009, o que seria "equivalente" a uma recessão mundial, explicou.

Os EUA, a origem do maior "choque" financeiro desde a Crise de 1929, como definiu o FMI, também se transformaram em um foco de debilidade econômica.

Apesar dos estímulos fiscal e monetário, em 2008 a maior economia do mundo crescerá apenas 0,5%, segundo o FMI, que reduziu em um ponto percentual seu cálculo anterior em uma revisão drástica.

A média do ano é positiva pelo fato de os EUA terem se recuperado no final deste ano. Entretanto, se calculado desde o quarto trimestre de 2007 até o mesmo período de 2008 seu PIB (Produto Interno Bruto) se contrairá 0,7 ponto percentual, diz o FMI.

Em 2009, os EUA terão um crescimento de apenas 0,6%, de acordo com os cálculos da entidade.

Com uma taxa tão baixa, a recuperação poderia ir para o espaço se as pressões sobre o mercado financeiro continuarem, caso os preços dos imóveis continuem a cair e os consumidores diminuírem seus gastos diante da piora de sua situação financeira, diz o FMI.

A onda de instabilidade financeira também atingirá a Europa, que se vê prejudicada pelo euro com cotação próxima a seu recorde, o que encarece as exportações e que divisa o FMI acredita estar supervalorizada.

A zona do euro crescerá 1,4% este ano e 1,2% em 2009, segundo as novas previsões da entidade.

Já foi constatado um endurecimento das condições de crédito na Europa, e alguns de seus bancos são vulneráveis ao contágio dos problemas financeiros de Wall Street por sua carteira de valores americanos, disse o estudo.

Além disso, na Irlanda, no Reino Unido e na Espanha o boom do mercado imobiliário chegou ao fim, o que aumentará a vulnerabilidade de seu sistema financeiro, diz o FMI.

Apesar da inflação elevada tanto nos EUA quanto na zona do euro, o FMI afirmou que há espaço para que as respectivas autoridades monetárias reduzam as taxas de juros.

Quanto à Rússia, o FMI projeta que a economia deste país crescerá 6,8%, após um crescimento de 8,1% no ano passado.

A China crescerá 9,3% em 2008, após subir 11,4% em 2007, e a Índia se desenvolverá 7,9%, após o aumento de 9,2% em 2007.

Sobre o Japão, a perspectiva de crescimento para este ano é muito mais moderada, 1,4%, em comparação ao 2,1% do ano passado.

Os mercados emergentes, que até este momento resistiram bem à crise, também sofrerão um arrefecimento, mas em menor medida do que os países industrializados.

Apesar da revisão, seu crescimento continuará "robusto", com um 6,7% este ano e 6,6% em 2009, diz o FMI.

O PIB da América Latina expandirá 4,4% em 2008 e 3,6% em 2009.

O principal risco para a economia mundial é o aumento dos erros no "avião financeiro", cujos dois motores - o sistema bancário e as bolsas de valores - estão falhando ao mesmo tempo, segundo o FMI.

O grande perigo é que a atual redução do crédito, causada pelo clima de incerteza, mude e se torne em uma crise creditícia profunda, na qual desapareça o óleo que lubrifica os cilindros da economia.

Nos EUA, a desaceleração econômica aumentou a taxa de inadimplência no mercado imobiliário e poderia se espalhar para os créditos de consumo e para a dívida das empresas.

Paradoxalmente, a inflação continua sendo uma ameaça, apesar da debilidade econômica, por causa dos altos preços do petróleo e dos alimentos, diz o FMI.

A organização advertiu que os mercados de petróleo estão "muito próximos", pois a capacidade de provisão é "limitada" e qualquer susto em um país produtor elevaria os preços, que já estão na estratosfera.

Os alimentos também poderiam continuar em alta, devido à forte demanda nos países em desenvolvimento e ao aumento dos cultivos para biocombustíveis, segundo o FMI.

UOL

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Fed admite que EUA podem ter recessão

Pela primeira vez desde o início da crise, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, reconheceu que a economia do país pode entrar em recessão. Ele observou, porém, que as condições devem melhorar no segundo semestre.

“A recessão é possível”, afirmou, durante depoimento ao Comitê Econômico Conjunto do Congresso. “Nossas estimativas são de que estamos crescendo levemente no momento, mas achamos que há risco, no primeiro semestre como um todo, de haver uma leve contração.”

O impacto das palavras de Bernanke nas bolsas foi limitado. Embora o Índice Dow Jones e a bolsa Nasdaq tenham fechado o dia no vermelho (quedas de 0,38% e 0,06%, respectivamente), analistas atribuíram o desempenho à alta do petróleo.

O barril para entrega em maio subiu 3,81%, para US$ 104,83, no mercado nova-iorquino. Os investidores temem que um combustível mais caro turbine a inflação e diminua o espaço para o Fed derrubar os juros.

Bernanke afirmou que “boa parte” dos ajustes econômicos e dos mercados financeiros já foi feita e, por isso, as condições devem melhorar no segundo semestre. Ele lembrou que o Fed cortou o juro “substantivamente” em resposta à desaceleração econômica. A taxa básica está hoje em 2,25% ao ano, três pontos porcentuais abaixo do nível de setembro.

Na avaliação de Bernanke, esses cortes de juro, bem como os esforços para impulsionar a liquidez nos mercados de crédito, “ajudarão a promover o crescimento com o tempo e mitigar os riscos à atividade econômica”.

Apesar disso, o presidente do Fed procurou não demonstrar excesso de otimismo. Ele ponderou que a incerteza da previsão de melhora no segundo semestre “é um tanto elevada e os riscos continuam negativos”.

Segundo ele, as preocupações com o emprego e a renda, junto com o declínio no valor das residências e com as condições de crédito apertadas, “causaram uma desaceleração considerável nos gastos dos consumidores”. Os gastos das empresas, acrescentou, também caíram.

Bernanke afirmou que não há ligação entre os eventos atuais e os da Grande Depressão, iniciada em 1929. “A diferença, hoje, é que vamos tratar das questões financeiras, enquanto naquela época as autoridades se contentavam em deixar as forças do mercado resolverem os problemas sozinhas”, disse Bernanke, que é um dos economistas americanos que mais estudaram aquele período da história do país.

Bernanke justificou o papel do Fed na venda do banco de investimentos Bear Stearns para o JP Morgan. O Fed intermediou o negócio e emprestou quase todo o dinheiro para o Morgan fazer a aquisição. “Era necessário preservar a integridade do sistema financeiro, o que é essencial para o funcionamento da economia”, afirmou.

(Fonte: Úlistima Instância)