Crise europeia é de liquidez não de solvência, afirma Bob Doll
Estrago de uma crise de solvência seria muito maior; União Europeia deverá tomar medidas pra unificar políticas fiscais
- Fonte: InfoMoney
- Data: 10/10/2011 19:23
SÃO PAULO - A atual crise europeia deve ser de liquidez, e não de solvência, afirma Bob Doll, estrategista-chefe da gestora norte-americana BlackRock, respondendo o que ele acredita ser a dúvida mais importante sobre o assunto. Isso faz com que o problema seja menor e solucionável, na visão dele. A crise deverá ser sucedida por efeitos positivos no médio e longo prazo, como uma união fiscal entre os países da Zona do Euro.
Uma crise de solvência seria mais grave, já que não haveria quase nada a ser feito. Os políticos teriam de continuar com suas medidas de austeridade, mas em algum momento os bancos iriam falir e a região entraria numa recessão severa. Doll lembra que esse não é o único ponto de pressão ao mercado, já que ele também se vê preocupado com uma possível recessão norte-americana.
Mais liquidez
Uma tentativa de elevar os níveis de liquidez é possível e precisa de ser realizada, destaca Doll. "A recente decisão de aumentar a capacidade do EFSF (Fundo Europeu de Estabilização Financeira, na sigla em inglês), mas ainda há mais a ser feito", diz. O BCE (Banco Central Europeu) precisaria continuar a comprar mais títulos da dívida soberana dos países, garantindo financiamento de longo prazo para os bancos.
Além disso, um tipo de fundação precisa ser erguida ao redor do sistema bancário europeu, como ocorrido nos EUA em 2008. "O mais breve que uma resolução for encontrada, menos custoso isso será, danificando menos a economia global", afirma o estrategista.
Soluções?O futuro, porém, garante duas possíveis saídas para a Zona do Euro: ou um colapso ou uma maior cooperação fiscal - incluindo a emissão de um único título de dívida conjunto, Eurobond. Para Doll, é mais provável que essa cooperação ocorra, já que os custos no longo prazo de manter a Zona do Euro intacta são menores do que uma possível dissolução.
Por fim, Doll afirmou que o mercado acredita em uma alta possibilidade de moratória grega, e já precificou essas chances. "Caso isso ocorra de uma maneira organizada, não deverá haver impactos significativos no mercado financeiro", finaliza o estrategista.
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