Agora é oficial: EUA estão há um ano em recessão, diz entidade
SÃO PAULO - A economia dos EUA está em recessão desde dezembro de 2007. A afirmação foi feita ontem pelo Birô Nacional de Pesquisa Econômica (NBER, na sigla em inglês), instituição acadêmica que determina o início e o fim de períodos de expansão econômica no país.
" A comissão [de datação de ciclos] determinou que o declínio da atividade econômica em 2008 está dentro dos padrões de uma recessão " , disse o grupo no seu site. O corte de 1,2 milhão de postos de trabalho registrado neste ano, até agora, foi o fator mais importante para a demarcação do início da contração, disse o NBER.
" Sem dúvida, [a recessão] não terminará em alguns poucos meses " , disse Jeffrey Frankel, membro do grupo e professor da Universidade Harvard, em uma entrevista. " Teremos sorte se nos livrarmos dela em meados do ano que vem. " Muitos economistas acreditam que essa recessão será a mais longa desde a de 1981-82, que durou 16 meses. " Todos pensavam que recessões longas e profundas eram coisa do passado " , disse Frankel.
Períodos recessivos são em geral determinados por dois trimestres consecutivos de contração do Produto Interno Bruto (PIB). Só no terceiro trimestre o PIB dos EUA teve resultado negativo. Diversos economistas prevêem que o recuo entre outubro e dezembro será ainda maior.
Mas o NBER não limita sua avaliação à evolução do PIB. Seus membros se concentram nas mudanças mês a mês. Para a instituição, o país está em recessão quando há uma queda " significativa " da atividade econômica por um período sustentado de tempo. Esse declínio é visível no PIB, no mercado de trabalho, na produção industrial, nas vendas e na renda.
Esta é a segunda contração durante os oito anos da Presidência de George W. Bush. A primeira durou de março a novembro de 2001. Bush é o primeiro dirigente dos EUA desde Richard Nixon a ter duas recessões no seu governo.
A Casa Branca reagiu ao anúncio do NBER dizendo que o " importante " são as medidas que o governo está tomando para contornar a crise. " As coisas mais importantes que podemos fazer agora pela economia são normalizar os mercados financeiro e de crédito e continuar a fazer progressos na habitação, que é onde continuaremos a manter o nosso foco " , afirmou ontem Tony Fratto, porta-voz assistente da Casa Branca. " Cuidar dessas áreas é o que trará mais resultados neste momento para a recuperação do crescimento econômico e a geração de empregos. " Há dois meses o governo conseguiu aprovar no Congresso um pacote de US$ 700 bilhões de socorro ao sistema financeiro. Em uma entrevista à rede ABC, prevista para ir ao ar ontem à noite, Bush disse que apoiaria intervenções adicionais caso elas sejam necessárias para pôr fim à recessão. " Eu sinto muito que isso esteja acontecendo " , disse o presidente ao falar da crise financeira e dos empregos que estão sendo eliminados.
Só em outubro, empresas americanas cortaram 240 mil postos de trabalho. A taxa de desemprego subiu a 6,5%, a mais alta desde 1994. Economistas prevêem uma taxa de 6,8% em novembro.
Fundado em 1920, o NBER reúne mais de mil professores universitários e pesquisadores que atuam como membros associados do birô, realizando análises sobre o funcionamento da economia. (Valor Econômico, com agências internacionais)